Capítulo 04

O Rugido do Leão

Postado em Atualizado em

Após terem ouvido o Buddha, muitos decidiram abandonar as crenças errôneas que previamente entretinham com relação ao seu caminho religioso de viver

O Buddhismo é uma bela jóia de muitas facetas, atraindo pessoas de diversas personalidades. Cada faceta dessa jóia possui métodos e abordagens testados pelo tempo que podem beneficiar os buscadores pela Verdade com seus vários níveis de entendimento e maturidade espiritual.

O Buddha Dhamma é o fruto resultante de uma busca da mais intensa conduzida por um longo período por um nobre homem compassivo cuja missão foi de ajudar a humanidade sofredora. Apesar de estar cercado de toda riqueza e luxúrias normalmente oferecidas a um príncipe herdeiro, Ele renunciou Sua vida luxuosa e voluntariamente embarcou numa dura jornada à procura da Verdade a fim de encontrar uma panacéia que curasse a doença da vida mundana com seus consequentes sofrimentos e insatisfatoriedades. Ele estava decidido a encontrar uma solução que aliviasse todo sofrimento. Em Sua longa busca o príncipe não dependeu ou recorreu a nenhuma orientação divina ou crenças tradicionais como era costume no passado. Ele empreendeu uma busca intensa com uma mente livre e aberta, guiada apenas por Sua sinceridade de propósito, nobre resolução, paciência inexaurível e um coração verdadeiramente compassivo com o desejo ardente de minorar o sofrimento. Após seis longos anos de intenso experimento, de tentativas e erros, o nobre príncipe atingiu Seu objetivo – conquistou a Iluminação e ofereceu ao mundo Seus puros ensinamentos conhecidos como Dhamma ou Buddhismo.

O Buddha disse certa vez: “Monges, o leão, rei das feras, ao entardecer sai de seu repouso. Ele se estica. E tendo feito isso, ele avalia os quatro cantos em todas as direções. Em seguida, ele emite três vezes seu rugido de leão. E tendo rugido três vezes seu rugido de leão, ele energeticamente sai em busca da presa. Agora, monges, qualquer animal que ouve o som do rugido do leão, rei das feras, em sua maioria, fica com medo; eles estremecem e tremem. Os que moram em tocas as procuram; os que moram na água correm para ela; os que moram nas florestas entram nelas; e pássaros alçam ao céu. Então, quaisquer elefantes do rei que estejam no vilarejo, cidade ou palácio, amarrados com firmeza com tiras de couro, agitam-se e laceiam as amarras, correndo para cá e para lá em pânico. Tão potente é o leão, rei das feras, sobre os animais. De tal majestade e poder é ele. Da mesma forma, monges, é quando um Buddha surge no mundo, um Arahant, um Perfeitamente Iluminado, perfeito em sabedoria e conduta, caminhante, Conhecedor dos mundos, insuperável treinador daqueles que podem ser treinados, professor de deuses e homens, um Buddha, um Honorável. Ele ensina o Dhamma: ‘Tal é a natureza do conceito de eu; este é o caminho que leva ao final de tal eu. Quaisquer deuses que possa haver, eles também, ao ouvir o Dhamma do Tathagata, em sua maioria ficam com medo: eles estremecem e tremem, dizendo: ‘Nós que pensávamos ser permanentes afinal de contas somos impermanentes: nós que pensávamos ser estáveis afinal de contas somos instáveis: não duradouros, apesar de acharmos que éramos duradouros. Assim parece que somos impermanentes, instáveis, não duradouros, iludidos por um eu’. Assim potente é um Tathagata sobre o mundo de deuses e homens”. Anguttara Nikaya

Que é o Buddhismo?

Postado em Atualizado em

Todas as outras religões dizer ter se originado no céu e descido para a terra. O Buddhismo se originou de uma mente Iluminada nesta terra e transcendeu os céus

Que é o Buddhismo? Essa pergunta é indagada por muitas pessoas que frequentemente perguntam se o Buddhismo é uma filosofia, uma religião ou um modo de vida. A resposta simples é que o Buddhismo é vasto e profundo demais para ser enquadrado em qualquer simples categoria mundana. Claro, o Buddhismo inclui filosofia, religião e modo de vida. Mas o Buddhismo vai além dessas categorias.

As categorias ou rótulos dados ao Buddhismo são como sinais que indicam o conteúdo do que está disponível. Se compararmos o Buddhismo com uma farmácia, ficará claro que os anúncios lá dispostos não curam uma pessoa de sua doença. Você toma o medicamento para se curar, sem se apegar ao rótulo. Da mesma forma, se o Ensinamento do Buddha é efetivo, então o use, e não se apegue ao rótulo ou sinal. O Buddhismo não pode ser forçado a se encaixar numa categoria única ou ser limitado a nenhuma marca.

Pessoas vivendo em épocas e lugares diferentes deram vários rótulos e interpretações ao Buddhismo. Para algumas pessoas, o Buddhismo pode parecer apenas como uma massa de práticas supersticiosas. Para outro grupo de pessoas, o Buddhismo pode ser um rótulo conveniente para ser utilizado para ganhos temporais. Para outro grupo, está ultrapassado. Para ainda outro grupo, o Buddhismo é um sistema significativo de pensamento que interessa apenas aos intelectuais. Para alguns outros, ele é uma descoberta científica. Para o buddhista piedoso e devoto, o Buddhismo abrange toda sua vida, é a realização de todas as suas aspirações materiais e espirituais. Nesse sentido podemos dizer que o Buddhismo é um nobre modo de vida.

Alguns intelectuais vêem o Buddhismo como um produto de seu ambiente indiano ou como um crescimento excessivo de algum outro tipo de ensinamento religioso indiano. Essa posição não é totalmente precisa. O Buddhismo nada mais é que a Nobre Verdade Absoluta. É uma abordagem intelectual da realidade. Entretando, a realização do Buddha sobre os problemas universais não veio a partir de um processo puramente intelectual ou racional, mas por meio do desenvolvimento mental e da purificação. A posição intelectual remanescente da atitude científica certamente faz do Buddha alguém absolutamente único dentre os mestres religiosos de todos os tempos. Claro, o alto padrão de inquirição intelectual e esforço ético, prevalecente naquela época na Índia, serviu de condição primária para a reemergência da luz do Dhamma desde a escuridão do esquecimento. Milhares de anos de desenvolvimento religioso e filosófico deixaram no solo intelectual da Índia um rico e fértil depósito de idéias e ideais que formaram o melhor ambiente possível a partir do qual as sementes do Dhamma pudessem brotar e florescer. Grécia, China, Egito e a Babilônia, apesar de toda sutileza de pensamento, não atingiram a mesma qualidade de visão que os sábios residentes nas florestas e montanhas da Índia. O germe da Iluminação que nasceu, como uma semente alada vinda de campos distantes, de mundos no espaço e tempo infinitamente distantes do nosso – esse próprio germe de Iluminação encontrou crescimento e desenvolvimento no canto nordeste da Índia. Esse próprio germe de Iluminação encontrou sua completa expressão na experiência do homem, Gotama Buddha. A fonte de todo o Buddhismo é esta experiência que é chamada de ‘Iluminação’. Com essa experiência de Iluminação, o Buddha começou Seu Ensinamento, não com crenças ou mistérios dogmáticos, mas com uma experiência válida e universal, que Ele ofereceu ao mundo como verdade universal. Assim sendo, a definição mais precisa para o Buddhismo é ‘Nobre Verdade’. Lembremo-nos de que o Buddha não ensinou a partir de teorias. Ele sempre ensinou a partir de um ponto de vista prático baseado em Seu entendimento, Sua Iluminação e Sua realização da Verdade. Ele constantemente exortou Seus seguidores a verem as ‘coisas como realmente são’.

Que é o Buddhismo? – 2

Postado em Atualizado em

O Buddhismo começou com o entendimento correto corporificado por 2500 anos na pessoa de Siddhattha Gotama. Quando o Buddha introduziu Seus ensinamentos, Sua intenção não era desenvolver o conceito do ‘self’ nas mentes das pessoas e criar mais ambição pela vida eterna e prazeres sensoriais. Ao contrário, Sua intenção era indicar a futilidade da vida mundana e mostrar o Caminho correto e prático para a salvação que Ele descobriu.

Os Ensinamentos originais do Buddha revelaram com aguda exatidão a verdadeira natureza da vida e do mundo. Entretanto, uma distinção deve ser feita entre o Ensinamento original do Buddha (frequentemente chamado de Dhamma/Dharma ou Palavra do Buddha) e a religião que se desenvolveu baseada em seus Ensinamentos, o que popularmente é chamada de ‘Buddhismo’.

Os Ensinamentos do Buddha não apenas começaram uma religião, mas inspiraram o florescimento de toda uma civilização. Esses Ensinamentos se tornaram uma grande força civilizadora que se moveu pela história de muitas culturas e nações. De fato, o Buddhismo inspirou algumas das maiores civilizações que o mundo conheceu. Ele tem uma maravilhosa história de realizações nos campos da literatura, arte, filosofia, psicologia, ética, arquitetura e cultura. No decorrer dos séculos, incontáveis instituições sociais educativas foram estabelecidas nas várias nações que estavam dedicadas ao Ensinamento do Buddha. A história do Buddhismo foi escrita em letras douradas de fraternidade e boa vontade. O modo buddhista de vida e prática tornou-se um modo de vida religioso racional, científico e prático para o desenvolvimento espiritual desde o dia em que o Buddha pregou Seu Ensinamento e mostrou o verdadeiro propósito e significado da vida e da religião. Tudo isso se deveu ao fato das pessoas terem tido a oportunidade de abrir suas mentes de forma livre.

O Impacto do Buddhismo na Civilização

Postado em Atualizado em

O Buddhismo permanece hoje como uma grande força civilizadora no mundo moderno. Como força civilizadora, o Buddhismo desperta o autorespeito e o sentimento de responsabilidade própria em incontáveis pessoas e estimula a energia de muitas nações. Ele incentiva o progresso espiritual estimulando os poderes de pensamento dos seres humanos. Ele promove nas pessoas o senso da tolerância por se manter livre da estreiteza e fanatismo religioso e nacional. Ele domestica o selvagem e refina os cidadãos para serem claros e sóbrios na mente. Em resumo, o Buddhismo produz o sentimento de autoconfiança ensinando que todo o destino da humanidade está em suas próprias mãos, e os próprios seres humanos possuem a faculdade para desenvolver sua energia e insight a fim de alcançar o objetivo mais alto.

Por mais de dois mil anos o Buddhismo satisfez as necessidades espirituais de aproximadamente um quinto da humanidade. Hoje, o apelo do Buddhismo é tão forte como nunca. Os Ensinamentos do Buddha permanecem entre os recursos espirituais mais ricos da humanidade porque erguem o esforço humano para um nível mais alto, além de uma mera dedicação às insaciáveis necessidades e apetites do homem. Por causa da amplitude de perspectiva, a visão do Buddha a respeito da vida tem uma tendência para atrair intelectuais que exauriram sua busca individual por significado. Entretanto, o fruto da visão do Buddha é algo mais que uma ginástica intelectual ou um consolo para a fraca intelectualidade. O Buddhismo não encoraja a especulação verbal e a argumentação como fins em si mesmos.

O Buddhismo é prático, racional e oferece uma visão realista da vida e do mundo. Ele não estimula as pessoas a viverem num paraíso de tolos, nem amedronta e tortura o povo com todo tipo de medos e sentimentos de culpa imaginários. A atitude buddhista em relação às outras religiões é notável. Ao invés de converter os seguidores de outras religiões para o Buddhismo, os buddhistas podem encorajá-los a praticar suas próprias religiões, pois os buddhistas nunca pensam que os seguidores de outras religiões são pessoas más. O Buddhismo nos diz exata e objetivamente o que somos e o que é o mundo à nossa volta, e nos mostra o caminho para a perfeita liberdade, paz, tranquilidade e felicidade.

O Impacto do Buddhismo na Civilização – 2

Postado em Atualizado em

Se a humanidade de hoje devesse ser salva da reação contra os padrões morais ensinados pelas religiões, o Buddhismo seria o veículo mais efetivo. O Buddhismo é a religião da humanidade, cujo fundador foi um ser humano que não buscou por revelações ou intervenções divinas na formulação de Seus Ensinamentos. Numa era em que os seres humanos estão convencidos de seu sucesso no controle do universo material, eles podem olhar para trás e avaliar as conquistas que fizeram no controle do mais difícil de todos os fenômenos: seu próprio eu. É nessa busca que os seres humanos modernos encontrarão no Buddhismo uma resposta para seus numerosos problemas e dúvidas.

Hoje o Buddhismo atrai o Ocidente porque ele não tem dogmas e satisfaz tanto a razão como o coração. Ele insiste na autoconfiança aliada com a tolerância pelo outros. Ele engloba descobertas científicas modernas quando elas têm propósitos construtivos. O Buddhismo aponta somente para o homem como o criador de sua vida presente e como o único planejador de seu próprio destino. Tal é a natureza do Buddhismo. Esse é o motivo pelo qual muitos pensadores modernos, mesmo não sendo buddhistas, descreveram o Buddhismo como uma religião de liberdade e razão.

A mensagem de paz e compaixão do Buddha expandiu para todas as direções e os milhões que estão sob sua influência o adotaram muito prontamente como uma nova forma de vida religiosa.

A contribuição buddhista para a humanidade

Postado em Atualizado em

Como religião o Buddhismo serviu às esperanças e aspirações da humanidade; incentivou um recomendável modo de vida ao organismo social e um espírito comunitário marcado pelo esforço na direção da paz e do contentamento. Esteve na vanguarda do bem-estar humano.

Mesmo na política o Buddhismo foi reconhecido em muitas ocasiões como um exemplo significativo de tratamento justo, procedimento democrático e consideração pelos valores básicos morais. O Buddhismo forneceu atitudes refinadas e éticas entre os povos que o adotaram de uma forma ou de outra.

De fato, o imenso potencial do Buddhismo não foi realizado por muitos que o adotaram, mas somente numa limitada extensão. A capacidade do ensinamento do Buddha de aumentar o potencial geral e pessoal de um indivíduo foi ofuscada pelas contribuições do Buddhismo à arte e literatura. Mas um aspecto do Buddhismo que permaneceu de fundamental importância por toda a história é seu claro racionalismo. A razão, ainda que frequentemente superada pelo arrependimento de todos, é algo que pertence à humanidade, destinada a civilizá-la, não importando o quão obscurecida por outras facetas da natureza humana como as emoções. O Buddhismo continuará a exortar o homem a ser um ser racional, regido pela cabeça, mas dando a devida consideração também ao coração.

A contribuição do Buddha ao progresso social e espiritual da humanidade foi tão notável que Sua mensagem, a qual se espalhou por todo o mundo, ganhou o amor e a afeição das pessoas de uma forma sem precedentes. É importante notar que o Buddhismo não escolhe as pessoas através de uma perseguição a elas para se converterem com promessas celestiais. São as pessoas que escolhem o Buddhismo.

A Verdade Última

Postado em Atualizado em

A Verdade não convecional desvoberta pelo Buddha é chamada Verdade Última

O Buddhismo reconhece dois tipos de Verdade, a verdade convencional aparente, que se refere a assuntos mundanos, e a Verdade real ou última que se refere ao supramundano. A Verdade última somente pode ser realizada pelo desenvolvimento da mente por meio da meditação, e não pela teoria ou especulação.

O Ensinamento do Buddha é a respeito da Verdade última com relação ao mundo. O Buddhismo, entretanto, não é uma religião revelada ou organizada. É o primeiro exemplo de uma abordagem puramente científica aplicada a questões concernentes à natureza última da existência. Esse Ensinamento atemporal foi descoberto pelo próprio Buddha sem a ajuda de qualquer intermediário divino. Esse próprio ensinamento é forte o suficiente para enfrentar qualquer desafio sem modificar seus princípios básicos de doutrina. Qualquer religião que é forçada a modificar ou ajustar seus Ensinamentos originais a fim de se adaptar ao mundo moderno é uma religião que não tem uma fundação firme e uma verdade última presente nela. O Buddhismo pode manter a Verdade do Ensinamento original do Mestre mesmo sob as difíceis condições prevalecentes no mundo moderno. Ele pode enfrentar qualquer desafio proposto pelo método mais rigoroso da inquirição científica. O Buddha não introduziu certas práticas pessoais e mundanas que não tinham conexão com a moralidade ou as observâncias religiosas. Para o Buddha, tais práticas não têm valor religioso. Devemos fazer a distinção entre o que o Buddha ensinou e o que as pessoas pregam e praticam em nome do Buddhismo.

Toda religião consiste não somente dos ensinamentos do fundador de tal religião, mas também dos ritos e cerimônias que cresceram ao redor do núcleo básico dos ensinamentos. Esses rituais e cerimônias têm suas origens nas práticas culturais do povo que aceitou a religião. Usualmente os fundadores das grandes religiões não estabelecem regras precisas sobre os rituais a serem observados. Mas líderes religiosos que chegam depois formalizam a religião e estabelecem códigos precisos de comportamento dos quais os seguidores não devem se desviar. Como discutimos anteriormente, essa é uma das razões porque o Buddha não indicou um sucessor.

Mesmo a religião que hoje chamamos de ‘Buddhismo’ é muito diferente em suas práticas externas daquilo que o Buddha e Seus primeiros seguidores praticaram. Séculos de influência cultural e ambiental tornaram diferente o modo de vida buddhista dos birmaneses, thailandeses, chineses, tibetanos, cingaleses, japoneses e coreanos. Mas essas práticas não estão em conflito, porque o Buddha ensinou que enquanto a Verdade permanece absoluta, a manifestação física dessa verdade pode diferir de acordo com o modo de vida daqueles que a professam.

Dessa forma, a religião moderna que vemos em muitos países é o produto de seres humanos normais vivendo em um país e se ajustando aos vários ambientes sociais e culturais. Entretanto, o Buddhismo como religião não começou como um sistema acima do mundo que desceu dos céus. Ao contrário, ele nasceu e se desenvolveu através de um longo processo histórico. Em seu processo de desenvolvimento, muitas pessoas lentamente se desviaram dos Ensinamentos originais do fundador e começaram novas escolas e seitas diferentes. Todas as outras religiões existentes também enfrentam a mesma situação.

A Verdade Última – 2

Postado em Atualizado em

Algumas centenas de anos após Sua morte, os discípulos do Buddha organizaram uma religião em torno dos Ensinamentos do Mestre. Enquanto organizavam a religião, eles incorporaram, entre outros conceitos e crenças, vários tipos de milagres, misticismo, adivinhações, encantos, talismãs, mantras, orações e muitos ritos e rituais não presentes no Ensinamento original. Quando essas crenças e práticas estrangeiras foram introduzidas, muitas pessoas negligenciaram o desenvolvimento das práticas mais importantes encontradas no Ensinamento original: a autodisciplina, a autocontenção, o cultivo da moralidade e do desenvolvimento espiritual. Ao invés de praticar o Ensinamento original, elas deram mais atenção e esforço à proteção contra os espíritos maléficos e se tornaram mais interessadas em descobrir meios e modos de se verem livres dos infortúnios ou más influências das estrelas, da magia negra e das doenças. Dessa forma, através dos tempos as práticas e crenças religiosas degeneraram, ficando confinadas às buscas mundanas. Ainda hoje, muitas pessoas acreditam que podem se ver livres das dificuldades através da influência de poderes externos. Ainda se apegam a tais crenças. E por isso negligenciam o cultivo da força de sua vontade, inteligência, entendimento e outras qualidades humanas relacionadas. Em outras palavras, as pessoas começaram a abusar de sua inteligência humana seguindo aquelas crenças e práticas em nome do Buddhismo. Elas também poluíram a pureza do ensinamento sublime do Buddha.

Não se deveria, portanto, chegar a conclusões apressadas seja para julgar a validade de uma religião ou para condená-la simplesmente observando o que as pessoas performam em nome daquela religião. Para compreender e avaliar a natureza real de uma religião é preciso estudar e investigar os Ensinamentos originais do fundador de tal religião.

Em face à profusão de idéias e práticas provenientes de desenvolvimentos posteriores, é útil para nós nos voltarmos para o Dhamma positivo e atemporal ensinado pelo Buddha. O que quer que as pessoas acreditem e pratiquem em nome do Buddhismo, os Ensinamentos básicos do Buddha ainda existem nos textos buddhistas originais.

Duas Principais Escolas de Buddhismo

Postado em Atualizado em

Os verdadeiros seguidores do Buddha podem praticar essa religião sem aderir a qualquer escola ou seita

Após algumas centenas de anos da morte do Buddha, dezoito escolas ou seitas diferentes surgiram, todas elas proclamando representar os Ensinamentos originais do Buddha. As diferenças entre essas escolas eram basicamente devido a várias interpretações dos Ensinamentos do Buddha. Durante um período de tempo, tais escolas gradualmente fundiram-se em duas escolas principais: Theravada e Mahayana. Hoje, a maioria dos seguidores do Buddhismo está dividida entre essas duas escolas.

Basicamente, o Buddhismo Mahayana nasceu do ensinamento do Buddha de que cada indivíduo carrega dentro de si o potencial para o estado de Buddha. Os Theravadas dizem que esse potencial pode ser realizado por meio do esforço individual. Os Mahayanistas, por outro lado, acreditam que podem buscar a salvação por meio da intervenção de outros seres superiores chamados Bodhisatvas. De acordo com eles, os Bodhisatvas são futuros Buddhas que, por compaixão aos companheiros humanos, atrasam sua própria conquista do Estado de Buddha até terem ajudado os outros a atingir a libertação. Apesar dessa diferença básica, entretanto, deve ser enfatizado que doutrinalmente não há absolutamente qualquer desacordo concernente ao Dhamma, tal como contido nos textos sagrados do Tipitaka. Porque os buddhistas foram encorajados pelo Mestre a cuidadosamente inquirir a respeito da verdade, eles têm sido livres para interpretar as escrituras de acordo com seu entendimento. Acima de tudo, Mahayana e Theravada estão unidos quanto à aceitação do Buddha e de Seus ensinamentos serem o único método para atingir a suprema bênção do Nibbana.

As áreas de concordância entre as duas escolas são as seguintes:
1. Ambas aceitam Sakyamuni Buddha como Mestre.
2. As Quatro Nobres Verdades são exatamente as mesmas em ambas as escolas.
3. O Caminho Óctuplo é exatamente o mesmo em ambas as escolas.
4. Patticasamuppada ou o ensinamento sobre a Originação Dependente é o mesmo em ambas as escolas.
5. Ambas rejeitam a idéia de um ser supremo que criou e governa este mundo.
6. Ambas aceitam kamma (karma) tal como ensinado pelo Buddha.
7. Ambas aceitam Anicca, Dukkha, Anatta e Sila, Samadhi, Panna sem qualquer diferença.
8. Ambas rejeitam a crença numa alma eterna.
9. Ambas aceitam o renascimento após a morte.
10. Ambas aceitam Devaloka e Brahmaloka.
11. Ambas aceitam Nibbana (Nirvana) como o objetivo ou salvação final.

Duas Principais Escolas de Buddhismo – 2

Postado em Atualizado em

Alguns têm a visão de que o Theravada é egoísta porque ensina que as pessoas devem buscar sua própria salvação. Mas como uma pessoa egoísta pode obter a Iluminação? Ambas as escolas aceitam os três Yana ou Bodhi, e consideram o ideal Bodhisatva como o mais sublime. O Mahayana criou muitos Bodhisatvas místicos enquanto que o Theravada acredita que um Bodhisatva não é um ser vivo sobrenatural, mas uma pessoa entre nós que dedica toda sua vida ao atingimento da perfeição, e derradeiramente se torna um Buddha completamente Iluminado para o bem-estar e felicidade do mundo.

Os termos Hinayana (Pequeno Veículo) e Mahayana (Grande Veículo) não estão presentes na literatura Theravada em pali. Eles não são encontrados no Cânon Pali (Tipitaka) ou nos comentários do Tipitaka.
O Buddhismo Theravada geralmente segue as tradições religiosas ortodoxas que prevaleceram na Índia a dois mil e quinhentos anos atrás. Performam seus serviços religiosos na língua pali, e também esperam atingir o objetivo final (Nibbana) se tornando um Supremo Buddha Iluminado, um Pacceka Buddha ou um Arahant. A maioria de seus seguidores prefere o Estado de Arahant. Buddhistas no Sri Lanka, Myanmar (Birmânia) e Thailândia pertencem a essa escola. Suas práticas estão de acordo com os costumes e tradições dos países onde vivem. Mahayanistas performam seus serviços religiosos em sua língua materna. Esperam atingir o objetivo final (Nibbana) se tornando Buddhas. Por isso homenageiam tanto o Buddha como os Bodhisatvas (aqueles destinados a se tornarem um Buddha) com o mesmo respeito. Buddhistas na China, Japão e Coréia pertencem a essa escola.

A maioria dos que vivem no Tibet e Mongólia seguem outra escola do Buddhismo que é conhecida como Vajrayana. De acordo com acadêmicos buddhistas essa escola se inclina mais para a denominação Mahayana.