Capítulo 08

Ética Buddhista

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Lei morais, costumes e maneiras são feitas pelos seres humanos, mas a Ética Buddhista é baseada em valores universais

O mundo atual está em tumulto; a ética está de pernas para o ar. As forças do ceticismo materialista viraram suas lâminas cortantes para os conceitos tradicionais do que são consideradas qualidades humanas. Ainda assim, qualquer pessoa que se preocupa com cultura e civilização deveria estar preocupada com as questões práticas e éticas. Pois a ética tem a ver com a conduta humana. Tem a ver com nosso relacionamento com os seres humanos e nós mesmos.

A necessidade de uma ética surge do fato de os seres humanos não serem perfeitos por natureza; eles devem se treinar para serem bons. Dessa maneira, a moralidade se torna o aspecto mais importante para o viver.

A ética buddhista não consiste de padrões arbitrários inventados pelas pessoas para seus próprios propósitos utilitários. Também não são arbitrariamente impostos desde fora. Leis e costumes sociais não formam a base da ética buddhista. Por exemplo, o estilo de roupa que é apropriado para um clima, período ou civilização pode ser considerado indecente em um outro; mas isso é inteiramente uma questão de costumes sociais e não envolve de forma nenhuma considerações éticas. Mas as artificialidades das convenções sociais continuamente são confundidas com princípios éticos que são válidos e imutáveis.

A ética buddhista encontra sua fundação não nos costumes sociais mutáveis mas, ao invés disso, nas imutáveis leis da natureza. Os valores éticos buddhistas são intrinsecamente uma parte da natureza e da lei imutável de causa e efeito (kamma). O simples fato de a ética buddhista estar enraizada na lei natural faz com seus princípios sejam tanto úteis como aceitáveis ao mundo moderno. O fato de o código de ética buddhista ter sido formulado a 2500 anos atrás não diminui o seu caráter atemporal.

Ética Buddhista – 2

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A moralidade no Buddhismo serve para o propósito prática de levar as pessoas ao objetivo final da felicidade última. No caminho buddhista para a Emancipação, cada indivíduo é considerado responsável por sua própria felicidade ou infortúnio. Espera-se que cada indivíduo se esforce por sua própria libertação por meio do entendimento e do esforço. A salvação buddhista é o resultado do próprio desenvolvimento moral e não pode ser imposta ou garantida por algum agente externo. A missão do Buddha foi de iluminar os seres quanto à natureza da existência e aconselhá-los sobre como melhor agir para sua própria felicidade e para o benefício dos outros. Consequentemente, a ética buddhista não consiste de mandamentos que as pessoas são compelidas a seguir. O Buddha deu sugestões sobre as condições mais apropriadas e condutivas para o benefício a longo termo de si mesmo e dos outros. Ao invés de se referir a pecadores com palavras como ‘vergonhoso’, ‘perverso’, ‘mau’, ‘sem valor’ e ‘cheio de blasfêmia’, Ele apenas dizia: ‘Você é tolo em agir dessa forma pois isso trará o pesar para você mesmo e para os outros’.

A teoria da ética buddhista encontra sua expressão prática em vários preceitos. Tais preceitos ou disciplinas não são nada mais que orientações gerais mostrando a direção para a qual deveríamos nos virar em nosso caminho para a salvação final. Apesar de muitos dos preceitos serem expressos de uma forma negativa, não devemos pensar que a moralidade buddhista consiste de se abster do mal sem o complemento de fazer o bem.

A moralidade encontrada em todos os preceitos pode ser sintetizada em três princípios simples: ‘Evitar o mal; fazer o bem; purificar a mente’. Esse é o conselho dado por todos os Buddhas (Dhammapada, 183).

No Buddhismo, a distinção entre o que é bom e o que é mal é muito simples: todas as ações que têm suas raízes na ganância, ódio e ilusão que nascem do egoísmo encorajam a ilusão danosa da existência de um ‘eu’. Tais ações são demeritórias, inábeis ou más. São chamadas de Akusala Kamma. Todas as ações que são enraizadas nas virtudes da generosidade, amor e sabedoria, são meritórias – Kusala Kamma. O critério de bom e mau se aplica às ações do pensamento, palavra ou ato.

A moral buddhista é baseada na intenção ou volição

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Kamma é volição’, disse o Buddha. As ações em si não são consideradas nem boas nem más, ‘somente a intenção e o pensamento as tornam isso ou aquilo’. Ainda assim, a ética buddhista não diz que uma pessoa pode cometer ações que sejam convencionalmente consideradas como ‘pecados’, mesmo que feitos com a melhor das intenções. Se essa fosse sua posição, o Buddhismo estaria confinado a questões psicológicas e deixaria de lado os desinteressantes delineamentos de listas de regras éticas e códigos de conduta para os que se dedicam a ensinamentos menos emancipados. A conexão entre pensamentos e ações, entre ação mental e material é uma extensão do pensamento. Não é possível cometer um assassinato com um bom coração porque tirar a vida é simplesmente uma expressão externa de um estado mental dominado pela aversão, raiva, ódio ou desejo. As ações são condensações de pensamentos assim como a chuva é uma condensação do vapor. As ações proclamam do topo das ações somente aquilo já foi cometido nas câmaras silenciosas e secretas do coração.

Uma pessoa que comete um ato imoral declara, assim, que ele ou ela não está livre dos estados insalubres da mente. Da mesma forma, uma pessoa que possui uma mente purificada e radiante, que tem uma mente vazia de todos os pensamentos e sentimentos corrompidos, é incapaz de cometer ações imorais.

A ética buddhista também reconhece a objetividade dos valores morais. Em outras palavras, as consequências kármicas das ações ocorrem de acordo com a lei kármica natural, independentemente da atitude individual ou das atitudes sociais em relação ao ato. Por exemplo, a embriaguez tem consequências kármicas; é uma ação negativa pois promove a própria infelicidade tanto quanto a infelicidade dos outros. Os efeitos kármicos da embriaguez existem independentes daquilo que o bêbado ou a sociedade possam pensar a respeito do hábito de beber. As opiniões e atitudes prevalecentes não diminuem minimamente o fato de que a embriaguez seja objetivamente negativa. As consequências –psicológicas, sociais e kármicas – tornam as ações morais ou imorais – não importando as atitudes mentais daqueles que julgam o ato. Assim, ao mesmo tempo em que o relativismo ético é reconhecido, ele não é considerado como enfraquecedor da objetividade dos valores.

O Que é Vinaya?

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Vinaya é o código de disciplina para o autotreinamento deixado pelo Buddha para os monges e monjas observarem. O Vinaya tem sua função central no sentido de assegurar a pureza do modo religioso de viver.

O Buddha não formulou o código de disciplina de uma única vez. Entretanto, Ele instituiu certas regras conforme a necessidade surgisse. O Vinaya Pitaka e seu comentário contêm muitas histórias significativas sobre como e porque certas regras foram deixadas pelo Buddha. De acordo com o Buddha a melhor forma de Vinaya era a disciplina da mente, palavras e ações por meio do insight e do entendimento. Os primeiros discípulos do Buddha eram altamente desenvolvidos espiritualmente e tinham pouca necessidade de um conjunto de regras a serem impostas. Entretanto, à medida que a ordem monástica (a Sangha) cresceu em número, ela atraiu muitos outros, algum dos quais não tão desenvolvidos espiritualmente. Surgiram problemas concernentes à sua conduta e modo de vida, como participar de atividades dos leigos como um modo de ganhar a vida e sucumbir às tentações dos prazeres sensoriais. Devido a tal situação, o Buddha teve que deixar orientações para os monges e monjas seguirem de forma que pudessem distinguir a diferença entre a vida dos monges e dos leigos. Toda a ordem santa dos monges e monjas era muito organizada em comparação a outras comunidades ascéticas daquela época.

O Buddha prescreveu todas as orientações necessárias para manter a ordem sagrada em todos os aspectos da vida. Quando o Buddha faleceu, tais regras foram coletadas de forma que a Ordem pudesse se organizar ao redor delas. O código de conduta prescrito pelo Buddha pode ser dividido em duas amplas áreas. Há os Códigos Morais Universais, Lokavajja, a maioria dos quais aplicáveis tanto aos membros da Ordem quanto aos laicos e destinados à vida religiosa. Certos outros códigos ou regras disciplinares que podem ser instituídos para fazer frente a dificuldades culturais ou sociais de um país em qualquer momento são chamados Pannatti Vajja. Na primeira categoria estão as Leis Universais que restringiam todas as ações imorais e danosas. A segunda categoria de regras aplicava-se quase que diretamente aos monges e monjas na observância das maneiras, tradições, deveres, costumes e etiqueta. Quebrar os códigos morais pertences a Lokavajja cria má reputação enquanto que a violação dos códigos disciplinares baseados em condições sociais não necessariamente criam mau kamma. Entretanto, são sujeitos à crítica, pois violação de qualquer tipo polui a dignidade da santa Ordem. Essas regras são grandemente baseadas na situação sócio-cultural ou no modo de vida prevalecente na Índia vinte e cinco séculos atrás.

O que é Vinaya? – 2

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De acordo com o Maha Parinibbana Sutta, o Buddha proclamou que algumas regras ‘menores’ poderiam ser alteradas ou emendadas para acomodar mudanças devido ao tempo e ao ambiente, desde que não encorajassem o comportamento imoral ou danoso. De fato, durante o próprio tempo do Buddha, certas regras menores foram modificadas pelos monges com Sua permissão. O Buddha também defendeu que monges e monjas doentes fossem isentos de certas regras do Vinaya. Entretanto, quando as regras foram enumeradas pelos discípulos no Primeiro Concílio, realizado três meses após a morte do Buddha, ficou decidido de que todas as regras deveriam ser mantidas sem qualquer emenda porque ninguém tinha a certeza sobre quais regras poderiam ser alteradas. Finalmente, os discípulos decidiram manter todos os preceitos propostos pelo Buddha. Uma outra razão do porquê os primeiros discípulos não concordaram em mudar qualquer dos preceitos foi de que não havia razão ou ocasião para fazê-lo depois de tão curto tempo após a morte do Buddha. Naquela época, a maior parte daqueles que haviam renunciado sua vida mundana assim o fez com sinceridade e convicção. Entretanto, quando as condições sociais começaram a mudar e quando o Buddhismo se espalhou para muitas outras partes da Índia e para outros países, a decisão tomada pelos discípulos de não mudar nenhum preceito no Primeiro Concílio se tornou um problema grande porque algumas das regras não podiam ser adaptadas às variadas formas de vida e circunstâncias econômicas.

Com o passar do tempo as regras se tornaram fossilizadas e alguns discípulos ortodoxos insistiram que as regras deveriam ser seguidas estritamente à letra ao invés de seu espírito. Foi precisamente para impedir o apego rígido a esse tipo de regras que o Buddha não apontou um sucessor para tomar Seu lugar. Ele disse que o entendimento do Dhamma e a manutenção do Dhamma como sendo o mestre deveriam ser suficientes para ajudar alguém a trilhar uma vida santa.

O Desenvolvimento da Comunidade da Sangha

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A comunidade da Sangha, no curso do tempo, desenvolveu-se em vários segmentos, muitos dos quais, ao mesmo tempo em que aderiram a alguns preceitos maiores, tais como prescritos pelo Buddha, tenderam, no entanto, a ignorar algumas das regras menores. O segmento Theravada pareceu ser mais ortodoxo, enquanto que o Mahayana e alguns outros segmentos tenderam a ser mais liberais em sua perspectiva e observâncias religiosas. O segmento Theravada tentou observar o Vinaya à letra, a despeito das circunstâncias e ambientes mutáveis. Mudanças menores nos preceitos aconteceram, entretanto, mas sem o reconhecimento oficial mesmo entre os membros do segmento Theravada. Como um exemplo, o segmento Theravada observa estritamente a regra de não se alimentar após o tempo estipulado para o dia. Ele não reconhece abertamente que certas variações poderiam ser permitidas sob circunstâncias especiais. Enquanto que membros de outras escolas se adaptam ao uso do manto de uma cor e padrão apropriados, o segmento Theravada continuou a aderir ao uso dos mantos originais tradicionalmente prescritos, apesar das mudanças nas condições sociais e climáticas. Como resultado, muitas das práticas dos monges são claramente entendidas somente por aqueles que nascem dentro de culturas tradicionalmente buddhistas.

Aí então há alguns monges que insistem em observar o código do Vinaya à letra, ao invés de seu espírito, mesmo que tais ações pudessem embaraçar as pessoas ao seu redor. Por exemplo, mais e mais monges buddhistas são convidados aos países ocidentais onde a cultura do povo e as condições climáticas são tão grandemente diferentes daquelas da Ásia. Se os monges insistirem em se comportar exatamente como faziam em seus países de origem seu comportamento parecerá estranho e ridículo. Ao invés de ganhar o respeito, eles se tornarão sujeitos ao ridículo e à suspeita. Aqui, novamente, o monge deve aplicar seu senso comum e tentar não ser uma zombaria para si mesmo aos olhos das pessoas que pertencem a uma cultura diferente de sua própria. A regra importante a ser observada é de que ações imorais, cruéis, prejudiciais e indecentes não sejam cometidas e que a sensibilidade de outras pessoas seja respeitada. Se os monges puderem levar suas vidas como seres humanos honestos, bondosos, inofensivos e compreensivos através de sua dignidade e disciplina humanas, então tais qualidades serão apreciadas em qualquer parte do mundo. Manter as chamadas tradições e costumes de seus respectivos países de origem tem pouco a ver com a essência do Dhamma tal como foi ensinado pelo Buddha.

O Desenvolvimento da Comunidade da Sangha – 2

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Há, então, um outro problema. Muitas pessoas, especialmente no Ocidente, que aceitaram o modo de vida buddhista, lêem nos textos as regras do Vinaya, e pensam que os monges devem seguir todas as regras sem qualquer adaptação seja em qual parte do mundo que estiverem, da mesma forma exata como elas foram gravadas nos textos. Devemos nos lembrar que algumas dessas regras, as quais eram praticadas na sociedade indiana vinte e cinco séculos atrás são irrelevantes mesmo na Ásia atual. Devemos ter claro na mente que o Buddha instituiu as regras somente para os membros da comunidade da Sangha que viviam na Índia, a região onde viveu. Tais monges nunca tiveram qualquer experiência com o modo de vida em outros países. Sua preocupação principal era para com o desenvolvimento espiritual com o mínimo de rupturas e perturbações na sociedade onde viviam. Atualmente, os monges podem experimentar muitos outros novos problemas, se estritamente observarem todas as regras em um país de pessoas que não consigam apreciá-las ou compreendê-las.

O código de disciplina para os devotos laicos mostra como um laico pode viver uma vida virtuosa e nobre sem renunciar à vida no mundo. O conselho do Buddha para os laicos está contido em discursos como o Mangala, Parabhava, Sigalovada, Vasala e Vygghapajja e muitos outros.

Muitas regras do Vinaya se aplicam somente àqueles que renunciaram à vida no mundo. É claro que um laico pode seguir algumas das regras se elas o ajudarem a desenvolver uma espiritualidade maior.

Transformando a Sociedade

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Quando a sociedade se transforma, os monges, embora tenham renunciado à vida mundana, não podem permanecer tradicionalistas sem se adaptarem às mudanças. Alguns conservadores não conseguem compreender essa necessidade de mudança e criticam os monges que se adaptam às demandas feitas pela reforma social. Isso não significa, é claro, que os monges possam mudar as regras segundo seu humor e capricho. Quando os monges desejam corrigir até certos preceitos menores, eles devem obter a aprovação de um Conselho da Sangha reconhecido. Individualmente os monges não estão livres para mudar qualquer regra do Vinaya. Tais membros do Conselho da Sangha podem também impor certas sanções contra monges que cometeram sérias violações do código de disciplina e cujo comportamento desacreditou a Sangha. O Buddha instituiu o Conselho a fim de ajudar os monges a evitarem ações prejudiciais e a tentação de uma vida mundana. As regras eram orientações ao invés de leis invioláveis impostas por alguma autoridade divina.

Nos países asiáticos, particularmente, um grande respeito e reverência são prestados aos monges. Os laicos os respeitam como professores de Dhamma e como pessoas religiosas que sacrificaram a vida mundana a fim de levar uma vida santa. É esperado dos monges que se dediquem ao estudo e prática do Dhamma e não façam outro trabalho. Os laicos, portanto, cuidam de seu bem-estar material, ao mesmo tempo em que buscam nos monges uma ajuda para suas necessidades espirituais.

Assim sendo, os monges devem ter uma conduta tal a conquistar o respeito e a reverência do público. Se, por exemplo, um monge é visto num lugar sem reputação, ele será criticado, mesmo se não estiver envolvido em nenhuma ação imoral. Dessa forma, é o dever dos monges evitar certos ambientes inapropriados de forma a manter a dignidade da Ordem Sagrada.

Se um monge não respeita o código disciplinar, os laicos perderão sua confiança neles. Há muitos casos registrados nos Textos Buddhistas quando mesmo durante a época do Buddha, laicos devotos se recusaram a cuidar de monges arrogantes, briguentos ou irresponsáveis. Monges podem ser criticados por fazer certas coisas mundanas que somente laicos tem a liberdade de fazer.

Dhamma e Vinaya

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Muitas pessoas ainda não perceberam que o Dhamma, a Verdade exposta pelo Buddha, não é mutável sob qualquer circunstância. Certas regras do Vinaya também estão incluídas na mesma categoria e não são sujeitas à mudança. Mas algumas outras regras do Vinaya estão sujeitas à mudança de forma a impedir algumas inconveniências desnecessárias. Dhamma e Vinaya não são a mesma coisa. Alguns monges tentam observar certas tradições rigidamente como se fossem importantes princípios religiosos, embora outros não consigam encontrar qualquer significado ou implicação religiosa em suas práticas. Ao mesmo tempo, algumas pessoas egoístas e astutas podem até mesmo tentar manter certas manifestações exteriores de pureza, de forma a desviar os devotos inocentes de maneira a considerá-los como monges pios e sinceros. Muitas das práticas chamadas de buddhistas nos países asiáticos, as quais monges e outros seguem, não são necessariamente preceitos religiosos mas costumes tradicionais mantidos pelo povo da época. Por outro lado, certos costumes introduzidos por monges como formas de disciplina verdadeiramente ajudam a manter a dignidade e a serenidade de toda Ordem sagrada. Apesar das tradições e costumes religiosos poderem criar uma atmosfera amigável para o desenvolvimento espiritual, algumas regras do Vinaya precisam ser modificadas de acordo com a mudança das condições sociais. Se isso não for feito, monges terão que enfrentar numerosos problemas em seu contato com o público na sociedade moderna e na sua forma de vida pois são ridículas aos olhos do público.

Alguns leigos criticam os monges por tocarem em dinheiro. É difícil prosseguir nas atividades religiosas e ser ativo na sociedade moderna sem lidar com dinheiro. O que um monge deve fazer é não estar apegado ao dinheiro ou à propriedade como sendo uma posse pessoal. Isso é o que o Buddha queria dizer. É claro que pode haver alguns que deliberadamente interpretem mal as regras a fim de terem ganhos materiais. Eles terão que suportar as conseqüências de enfrentarem dificuldades em seu desenvolvimento espiritual.

É claro que aqueles que escolherem se confinar a uma área isolada para meditação a fim de conquistarem a paz mental, deveriam ser capaz de prosseguir em suas obrigações religiosas sem os obstáculos das preocupações mundanas, as quais podem se tornar uma pesada carga. Mas devem primeiramente se assegurar de que já possuem sustentadores suficientes para atender suas necessidades básicas, como alimento, abrigo e medicamentos. Enquanto que pode haver tais monges que desejem se retirar completamente da sociedade deve igualmente haver monges suficientes na sociedade para atender as numerosas necessidades religiosas do público em geral. Do contrário, as pessoas poderiam concluir que o Buddhismo não tem muito a contribuir em suas vidas diárias e em seu bem-estar.

Características de um monge

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Entre as características marcantes de um monge estão pureza, pobreza voluntária, humildade, simplicidade, serviço altruísta, autocontrole, paciência, compaixão e não-violência. É esperado que ele observe os quatro tipos de Moralidade Superior – a saber:

Patimokkha Sila – O código moral fundamental (ofensas maiores relacionadas com as atividades imorais, cruéis, danosas e egoístas).
Indriyasamvara Sila – Moralidade pertencente à restrição dos sentidos.
Ajivaparisuddhi Sila – Moralidade pertencente ao modo de vida.
Paccayasannissita Sila – moralidade pertencente ao uso de requisitos pertencentes à vida.

Esses quatro tipos de moralidade são em conjunto chamados de Sila-Visuddhi (Pureza da Virtude).
Quando uma pessoa entra na Ordem e recebe sua ordenação ela é chamada de Samanera – Monge Noviço. Ela deve observar os Dez Preceitos de Samanera juntamente com certos códigos de disciplina aplicados à vida monástica até que ela receba sua ordenação mais alta – Upasampada – tornando-se um Bhikkhu ou monge completo.

Um bhikkhu ou monge deve observar os quatro tipos de moralidade superior mencionados acima, o que abrange os 227 preceitos, além de alguns menores. Os quatro principais que lidam com o celibato e a abstinência de roubar, matar e pronunciar falsos testemunhos de realizações de espiritualidade superior devem ser estritamente observados. Se ele viola qualquer um deles, um monge é considerado como ‘derrotado’ na comunidade da Sangha. Ele será privado de certos direitos religiosos pela comunidade da Sangha. No caso de outras regras violadas, ele terá que se defrontar com muitas outras consequências e corrigir-se de acordo com a gravidade da ofensa.

Não há votos ou leis para um bhikkhu. Ele se torna um bhikkhu por sua própria vontade a fim de viver uma Vida Santa por quanto tempo ele queira. Não há, portanto, nenhuma necessidade de se sentir preso por um voto feito anteriormente ou se sentir hipócrita pois somente ele pode decidir se deseja ou não obedecer as regras. Ele é livre para deixar a Ordem a qualquer momento e adotar um modo de vida do buddhista laico quando sentir que é inconveniente manter-se como monge. Ele pode também retornar para a vida monástica a qualquer momento que desejar. As mesmas regras gerais também se aplicam às bhikkhunis.