O Mundo dos Espíritos

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Há seres visíveis e invisíveis, ou espíritos, da mesma maneira como há luzes visíveis e invisíveis.

O Buddhismo não nega a existência de bons e maus espíritos. Há seres visíveis e invisíveis, ou espíritos, da mesma maneira como há luzes visíveis e invisíveis. Precisamos de instrumentos especiais a fim de ver a luz invisível, e precisamos de um sentido especial para ver os seres invisíveis. Não se pode negar a existência de tais espíritos somente porque se é incapaz de vê-los a olhos nus. Tais espíritos também estão sujeitos ao nascimento e morte. Eles não se manterão permanentemente na forma de espírito. Eles também existem no mesmo mundo em que vivemos.

Um buddhista genuíno é alguém que molda sua vida de acordo com a causação moral descoberta pelo Buddha. Ele não deveria se preocupar com louvar esses deuses e espíritos. Entretanto, esse tipo de louvor é de algum interesse e fascínio para a multidão e, naturalmente, levou alguns buddhistas ao contacto com essas atividades.

Com relação à proteção de espíritos maléficos, a bondade é um escudo contra o mal. A bondade é um muro que o mal não pode penetrar, a menos que uma pessoa boa abra a porta para a influência do mal. Mesmo que uma pessoa leve uma vida verdadeiramente virtuosa e santa, e tenha um bom escudo de moral e vida nobre, tal pessoa ainda pode baixar seu escudo de proteção devido à crença no poder do mal que poderia prejudicá-la.

O Buddha nunca aconselhou seus seguidores a louvarem tais espíritos ou apavorarem-se com eles. A atitude buddhista em relação a eles é transferir méritos e irradiar a amizade amorosa. Os buddhistas não os prejudicam. Por outro lado, se um homem é religioso, virtuoso e puro em sua mente, e se é também inteligente e possuidor de uma poderosa força de vontade e capacidade de compreensão, então tal pessoa pode ser considerada muito mais forte que tais espíritos. Os espíritos maléficos se manterão longe dele, os bons espíritos irão protegê-lo.

9 comentários em “O Mundo dos Espíritos

    soraya mendonça disse:
    12 setembro, 2008 às 3:02 pm

    Sou catolica, não praticante, leio e me interesso pelo espiritismo e pelo budismo.
    Sinto e vejo e sonho com coisas que não sei explicar mas que se concretizão.
    Busco informações entender melhor o que ocorre comigo.
    Gostei muito das informações do site

    Starover disse:
    29 junho, 2011 às 7:31 pm

    Durante muitos anos fui praticante e estudioso do espiritismo, o qual passei por várias experiências. Segundo minha vivência, não se pode negar a existência de uma dimensão vibracional multidimensional, ou uma quadridimensão, assim como da existência de consciências (espíritos) nesses planos. Há experiências de quase-morte, desdobramento (viajem astral), e outros fenômenos da consciência que nos levam a perceber essa complexidade do universo .Há outras tradições espiritualistas que se ocupam com esse tipo de investigação, como a teosofia; principalmente os teósofos do passado (C.W. Leadbeater, Besant, Blavatsky,etc…). O Mestre zen Philip Kapleau, no livro A Roda da Vida e da Morte, relata experiências mediúnicas de alunos durante a prática do zazen. Não negando-as, mas, até descrevendo como um indício da transcendência da própria consciência além do corpo físico e do cérebro. Por outro lado, tais fenômenos, são tão fenômenos quanto o mundo “material” o qual percebemos. E tanto espíritos, quanto os que estão na dimensão “física”, estão sujeitos a lei de causa e efeito e ao renascimento. Ainda estaremos operando dentro de uma realidade dualista e transitória. Ter uma compreensão mais profunda, é ir além disso tudo. Além da mente linear/dual. Como diz Dogen Zenji: Estudar o Budismo é estudar a si mesmo; estudar a si mesmo é esquecer de si mesmo; esquecer de si mesmo é estar uno com todas as coisas do universo.

    “O Buddha nunca aconselhou seus seguidores a louvarem tais espíritos ou apavorarem-se com eles. A atitude buddhista em relação a eles é transferir méritos e irradiar a amizade amorosa. Os buddhistas não os prejudicam. Por outro lado, se um homem é religioso, virtuoso e puro em sua mente, e se é também inteligente e possuidor de uma poderosa força de vontade e capacidade de compreensão, então tal pessoa pode ser considerada muito mais forte que tais espíritos. Os espíritos maléficos se manterão longe dele, os bons espíritos irão protegê-lo.”

    Muito bom!

    Que o Dharma esteja no coração de todos!

    Eduardo Rodrigues disse:
    26 julho, 2011 às 12:23 pm

    Confesso que isso não faz sentido para mim.

    No entanto, sei que as escolas divergem quanto ao assunto, e até entre os mestres de uma mesma escola. Mas não existe quaquer afirmação literal nos textos originais que exista um mundo espiritual com fantasmas ou espíritos superiores.

    Essa concepção do autor é correspondente ao dualismo espírita.

    Na minha opinião, os seis reinos são estados da mente.

    O senhor Sasaki poderia me tirar essa dúvida com sua opinião?

    dhanapala respondido:
    1 agosto, 2011 às 3:08 pm

    Prezado Eduardo, o modo como os cinco ou seis reinos são interpretados varia conforme o autor, mas não a existência deles. Há ampla menção deles nos suttas antigos, mas se iremos utilizá-los como estados mentais ou equivalências de reinos existentes isso depende. A palavra ‘espírito’ é derivada mais do espitismo, mas em termos buddhistas talvez pudessemos vê-los como um termo genérico para os outros reinos além do humano e do animal. Ou ainda mais especificamente para o dos petas, que se poderia traduzir como fantasmas famintos ou espectros.

    Eduardo Rodrigues disse:
    1 agosto, 2011 às 9:39 pm

    Agradecido, sr. Sakaki.

    Embora minha opinião não importe afinal, afinal se está nos suttas me parece que a visão é solida para todo o buddhismo, não parece contraditório algumas escolas prestando rezas para divindidades protetoras, exorcizando casas “mal assombradas” por espíritos famintos, afirmando que tais espíritos famintos têm 49 dias (?!) para renascer, ou consultando óraculos? Da mesma forma que yogues utilizando siddhis com intuitos egóicos?

    Do ponto de vista cultural, essas não seriam superstições enraigadas nas culturas desses povos? Eu entendo a importância dos ritos e sei dos seus benéficos psíquicos para uma determinada sociedade….mas não sabia que o próprio Shakyamuni falava da existência externa de outros mundos.

    Não cabe a mim comparar ou criticar, portanto peço desculpas se pareci um mero diletante em minhas críticas.

    Agradecido novamente!

    Eduardo Rodrigues disse:
    1 agosto, 2011 às 9:39 pm

    correção: sr. Sasaki.

    dhanapala respondido:
    4 agosto, 2011 às 8:51 am

    OLá Eduardo! Veja, o fato de estar nos suttas a menção a outros reinos, isso não tem nada a ver com um aval para rezas a divindades protetoras, oráculos, rituais de 49 dias, etc – nada disso presente nos suttas. Ou seja, uma coisa nada tem a ver com a outra. A importância do conhecimento dos suttas é justamente servir para o indivíduo diferenciar o que é herdade de conhecimento textual e diferenciar da herança cultural de um povo específico. Obrigado pela presença e pelas perguntas interessantes!

    dhanapala respondido:
    4 agosto, 2011 às 4:09 pm

    […] O Buddha nunca aconselhou seus seguidores a louvarem tais espíritos ou apavorarem-se com eles. A atitude buddhista em relação a eles é transferir méritos e irradiar a amizade amorosa. Os buddhistas não os prejudicam. Por outro lado, se um homem é religioso, virtuoso e puro em sua mente, e se é também inteligente e possuidor de uma poderosa força de vontade e capacidade de compreensão, então tal pessoa pode ser considerada muito mais forte que tais espíritos. Os espíritos maléficos se manterão longe dele, os bons espíritos irão protegê-lo. [Artigo original] […]

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