O Buddhismo para os seres humanos na sociedade – 2

Postado em Atualizado em

Alguns podem achar mais fácil e conveniente praticar o Buddhismo morando num lugar remoto; em outras palavras, se separando da sociedade. Já outras pessoas podem achar que este tipo de reclusão entorpece e deprime todo seu ser, tanto física como mentalmente e que, portanto, pode não ser apropriado para o desenvolvimento de sua vida espiritual e intelectual.

A verdadeira renúncia não significa correr fisicamente para longe do mundo. Sariputta, o discípulo-chefe do Buddha, disse que um homem pode viver numa floresta se dedicando a práticas ascéticas, mas pode estar cheio de pensamentos impuros e ‘aflições’. Outro pode viver num vilarejo ou numa cidade, não praticar uma disciplina ascética, mas sua mente pode ser pura e livre de ‘aflições’. “Desses dois tipos”, disse Sariputta, “o que vive uma vida pura no vilarejo ou na cidade é definitivamente muito superior ao que vive na floresta” (Majjhima Nikaya).

A crença comum de que para seguir o Ensinamento do Buddha é preciso se retirar da vida familiar normal é um conceito errado. É realmente uma defesa inconsciente contra praticá-la. Há numerosas referências na literatura buddhista a homens e mulheres vivendo uma vida normal, vidas comuns em família, e que de forma bem sucedida praticaram aquilo que o Buddha ensinou, realizando o Nibbana. Vacchagotta, o Andarilho, perguntou certa vez diretamente ao Buddha se havia homens e mulheres laicos, levando uma vida em família, que seguiam Seu Ensinamento com sucesso e atingiram altos estados espirituais. O Buddha categoricamente afirmou que havia muitos laicos e laicas levando uma vida em família que tinham seguido Seu Ensinamento de forma bem sucedida e atingido altos estados espirituais.

Para algumas pessoas pode ser agradável viver uma vida retirada em um lugar quieto, longe do barulho e das perturbações. Mas é certamente mais corajoso e digno de louvor praticar o Buddhismo vivendo entre os seres amigos, ajudando-os e oferecendo serviço a eles. Pode ser útil em alguns casos uma pessoa viver retirada por um tempo a fim de desenvolver a mente e o caráter, como algo preliminar ao treinamento moral, espiritual e intelectual, e a fim de ser forte o suficiente para mais tarde vir a ajudar os outros. Mas se uma pessoa vive toda sua vida em solidão, pensando apenas em sua felicidade e salvação pessoal, sem se preocupar com seus companheiros, isso certamente não está de acordo completo com o Ensinamento do Buddha, o qual é baseado no amor, compaixão e serviço aos outros.

Deixe um comentário